29/04/15

«Teremos Sempre em Tebas» em digressão



Depois das representações em Lisboa, «Teremos Sempre Tebas» apresentar-se-á em Vieira de Leiria, no âmbito do XI Festiv'Álvaro. O espectáculo terá lugar no Cineteatro Álvaro (Largo da República, Vieira de Leiria), no próximo sábado 2 de Maio, às 21:30. Apelo a todos os meus amigos, inimigos, conhecidos e desconhecidos da Vieira e arredores que passem por lá, que o bilhete até é barato e tudo. 

Quem estiver hesitante pode consultar aqui  alguns testemunhos que fui recolhendo a propósito das apresentações em Lisboa.

 Os bilhetes custam 3 euros e podem ser reservados através do número  912270193.

Livremente inspirado em «Rei Édipo» de Sófocles, «Teremos Sempre Tebas» mostra-nos um rei que conquistou o poder por acaso e não entende nada do que se passa à sua volta, um adivinho cego que vê o futuro, uma rainha capaz de tudo para esconder verdades incómodas, o cunhado de um rei suspeito de querer usurpar-lhe o trono, inúmeros manipuladores, oportunistas e também algumas vítimas de um destino que nenhum oráculo previu.
ÉDIPO: No outro dia, a Antígona andou a brincar aos curandeiros com o primo Hémon. Tem cuidado, não quero que haja incestos na nossa família.
JOCASTA: É coisa que nunca acontecerá.
  
Ficha Artística e Técnica
Autor: Firmino Bernardo
Encenação: Susana Arrais
Elenco: Cláudio Henriques, Miguel Santos, Rui Ferreira e Sara Felício
Música Original: Gustavo de Matos Sequeira
Cenografia / Figurinos: Susana Arrais
Cartaz / Programa: Magnésio
Desenho de Luz: Susana Arrais e João Álvaro
Operação de Som / Luz: João Álvaro
Fotografia: Hugo Magro

19/04/15

Prémio Novas Dramaturgias FITA/LdE



Entre 4 e 28 de Março decorreu a segunda edição do FITA - Festival Internacional do Alentejo - simultaneamente em Beja, Évora e Portalegre, com uma extensão a Grândola. No âmbito deste festival a companhia de teatro LdE decidiu criar um concurso de dramaturgia. No passado dia 20 de Março, em pleno festival, foi revelado, no teatro Pax Julia, o texto vencedor: «Dura Tchekhov Lex Sed Tchekhov Lex ou A Última Criação» da minha autoria.

A cerimónia de divulgação do vencedor foi feita no bar do cine-teatro Pax Julia, após à apresentação do espectáculo El Baile, da companhia cubana Teatro D'Dos. Na mesa estiveram presentes António Revez (director artístico da companhia LdE e do FITA), Ana Ademar (membro da companhia LdE, da organização do FITA e do comité de leitura do prémio), Jorge Gonçalves (membro do júri) e eu próprio.

Aqui fica, para memória futura, o texto de deliberação do júri, lido pela actriz Ana Ademar:

«O Prémio FITA para Novos Textos de Teatro tem o objectivo de incentivar, promover e divulgar a nova escrita dramática em Portugal. A organização da 1ª edição do Prémio FITA para Novos Textos foi – agradavelmente - surpreendida pela quantidade de peças de teatro que chegaram a Beja: cinquenta e cinco. Deste inusitado número de textos dramáticos – inéditos – um comité de leitura, constituído pelos actores e encenadores Ana Ademar, Carlos Marques e Susana Cecílio; pela investigadora e crítica Eunice Tudela de Azevedo e por Filipa Figueiredo, seleccionou uma lista reduzida de seis títulos. Um dos textos seleccionados, por ter já sido merecido uma encenação e apresentação pública, não estava, assim, em condições elegíveis. Deste modo, os cinco textos em análise pelo júri composto por Christine Zurbach, Jorge Gonçalves, Luís Varela e Rui Pina Coelho foram os seguintes: "Bond Girl", de António Gil; "Porta número 0", de JB50; "A mãe biológica de Marilyn Monroe", de Emílio Lusitano; "Branca", de A Ilha; e "Dura Tchekhov Lex Sed Tchekhov Lex ou a Última Criação", de Vicente Pais (os nomes dos autores são pseudónimos).

O vencedor do 1º Prémio FITA para novos textos é "Dura Tchekhov Lex Sed Tchekhov Lex ou a Última Criação", um texto com várias camadas de interesse e análise. Em termos de género, deriva entre uma comédia de bastidores, colocando um grupo de actores a ensaiar a criação de um novo espectáculo, enquanto vão revelando as suas ideias de teatro e, em particular, as suas hierarquias profissionais; uma comédia policial de inspiração televisiva e de sensibilidade slapstick, citando parodicamente a célebre “Lei de Tchekhov” (se aparece uma pistola no início de uma peça, a dada altura essa pistola terá que ser usada); e uma farsa política sobre a pequena corrupção autárquica e o compadrio. Assim, um vereador da cultura surge com interesses pessoais na destruição do teatro projectando construir aí um centro comercial. Como se não bastasse, apresenta como possível solução aos problemas daquele grupo de teatro, aparentemente com problemas de “captação de público”, um texto escrito pelo seu próprio filho.

"Dura Tchekhov Lex Sed Tchekhov Lex", escrito de forma fluente, com diálogos ritmados e assente numa estruturada progressão da intriga, consegue manter a tensão até ao final, mantendo sempre uma salutar noção de auto-ironia, permeando todo o texto e fazendo com este se configure como um agradável e inteligente divertimento.»